Em pé

Sozinha, em pé neste chão. Tudo tão vasto e vazio.
Tenho os pés frios neste chão de azulejo castanho.
Não sei há quanto tempo aqui estou nem sei quanto tempo vou ficar.

Não tenho os olhos cheios de lágrimas, nem o coração cheio de mágoa. O meu cérebro já parou com as perguntas sem resposta. A minha alma está descansada.

Estou apenas aqui, em pé a olhar, como se este deserto me fosse ajudar.

Não quero respostas, nem estou num cruzamento, limito-me a estar aqui, simplesmente a olhar. Não tento ver nada que poderá vir. Como disse apenas estou aqui parada por nenhuma razão.

Talvez porque nunca tinha estado nesta situação, porque tinha sempre algo que me aquecia o coração, mas agora não.

Este deserto no qual estou em pé, é cheio de luz, quente, acolhedor, no entanto o chão está frio, tenho os pés nus neste gelo disfarçado.

A minha ignorância sobre o meu rumo não me deixa dizer, "vou seguir em frente". Não gosto dessa frase, demasiado vazia, demasiado oca, cheia de mentira e de falsas esperanças.

Nunca soube o que fazer, nunca soube se o fazia bem, nunca parei para esperar, nunca me quis sentar e pensar, nunca quis reparar, talvez por isso esteja agora aqui, forçada a parar sem querer andar.

Aqui estou eu, em pé à espera de uma decisão que não tem pressa em chegar.

Ser amada por querer ser, querer amar porque querer, não é algo que eu queira, não é algo que farei.