
Como todos os dias, percorro a rua. Não me preocupo em olhar em redor, uma arma de defesa que adquiri, quanto menos vir, menos sofro. Percorro a rua com a música a ecoar dentro da minha cabeça à medida que tento entrar dentro da música, outra arma que aprendi a usar, quanto menos pensar, menos me lembro do que me faz sofrer. No meio deste transe a música termina e baixo os olhos para que pudesse ver aquele pequeno aparelho que faz a magia e recomeço a música para que aquele ciclo não seja interrompido. Inesperadamente uma das armas falha e algo me faz parar. Vejo uma rapariga sentada num pequeno muro, tinha os olhos vermelhos e cara de quem não sabia o que fazer, o tinha feito e porque ainda fazer algo, conhecia bem aquela cara e a dor dos sentimentos. Tento seguir o meu caminho fingindo que aquele ataque não surtiu efeito mas aquela cara... Paro, respiro fundo e olho para ela. Reconheço-a, tinha trocado umas palavras com ela, palavras simples sobre uma fila demasiado longa, aproximo-me lentamente dela sem saber o que dizer, a música já não toca e estou completamente desprotegida.
Ela olha para mim e na nossa confusão pergunto se quer falar. Mal me conhece, mas talvez seja mais fácil assim, ela parece pensar da mesma forma ou talvez seja a dor demasiado grande. "- O que fazias se sentisses que não pertences onde estás? Se não te conhecesses e se te sentisses mal? Se visses quem amas e ele não te pertencesse? Se não compreendesses o que te rodeia? Se soubesses como lutar mas não tivesses forças?" Ouvi as palavras dela e parecia que saiam de mim, nunca tinha encontrado uma resposta para mim mas ela merecia uma resposta, mesmo que eu não acreditasse nela. Pensei em algo rápido e acabei por dizer, "Tentava apagar todos esses "se" da minha vida, as forças só precisam de ser redescobertas."
Esperei que as minhas palavras fossem entendidas e ao mesmo tempo tentava percebe-las. "- Acreditas mesmo nisso?", perguntou ela calmamente, "Acredito", não menti. "-Então porque não fazes isso?" Olhei para onde ela estava, estiquei a minha mão em direcção a ela e antes de lhe chegar, a minha mão embate em algo, era frio, estiquei mais a mão até a estender completamente, olhei para cima e vi aqueles olhos, os meus olhos.
"Porque não fazes isso?", soou uma voz dócil pelo ar, abri os olhos, o sol batia na janela, o despertador tocava, "-Bom dia", alguém disse do outro lado da porta.
7 comentários:
adoro a forma como escreves :)
tao tranquila!Beijinhos
palavras para que?
um texto simplesmente bonito que nos faz ver que há sempre alguem como nós ou pior e que são essas pessoas que nos fazem pensar
beijinho
RM
Minha amiga um texto fabuloso que me deixou sem palavras, e isto acontece-me poucas vezes.
Tentarei no meu trono de pedra reflectir na pergunta que te fizeste e pode ser que consiga então escrever
até lá muitos beijinhos e amizade
BOM O MEU RESULTADO FOI
1º Teria de escolher o meu caminho, aquele que me levasse ao conforto da minha alma, aquele onde estaria em paz com o que me rodeia
2º O conhecimento do nosso EU é imprescindível para sabermos quem somos como somos e porque somos e aí então encontrar a auto estima
3ºNos tempos em que vivemos, ou melhor na geração em que tu vives, o crescer é repentino muitas vezes não acompanhado da necessária sabedoria e no correr desses dia a dia não abarcamos a sociedade que nos rodeia com todos os seus estigmas, com todas as suas contradições e artificialidades. Vivemos na era do consumismo, das aparências do amar sem saber o que isso é, porque hoje se ama tudo e não se ama nada e nestas incongruências nos perdemos, nos confundimos e muitas vezes nos perdemos. Só para teres uma ideia, no meu tempo a maioridade ainda era aos 21 anos e as raparigas só começavam a namorar lá para os 15 anos ou mais, assim tinham tempo de crescer quer em mentalidade quer em sabedoria, até que como sabes os rapazes só amadurecem cerca de 2 anos após as raparigas
4º Quando a nossa personalidade está formada adequadamente ficamos na posse de todas as armas com que lutar, e as forças vêm da boa formação conseguida nos primeiros dois pontos. Vais ver que quando encontrares o teu caminho, a tua auto estima as forças aparecem e a luta pode ser renhida mas será tua
Eu já venci muitas lutas e bem difíceis, e embora sofrendo e arrastando-me nunca me deixei vencer e consegui sair desse negro não ileso mas com mazelas que embora ainda doam não me tiram a vontade de viver e seguir enfrente
Espero que isto te ajude de qualquer maneira
Isto, não é critica mas sim o que penso pois foi a minha realidade, mas nem todos somos iguais. È como quando caímos na água, uns tentam nadar contra a corrente esbracejando ficando em pânico, cansando-se e sucumbindo, outros mais sabedores deixam-se ir na corrente embora nadando de modo a alcançarem a margem não ali mas um pouco mais longe….
bjs
Eu sei que vais encontrar esse caminho e que te vais encontrar a ti mesma." Errae humano es" e que seria de nós sem estes erros?
beijinhos
gosto sempre de estar aqui!
"quanto menos pensar, menos me lembro do que me faz sofrer."
amei =D
e amo a forma como escreves =)~
serio serio escreve um livro rapariga eu compro todos =D
fã nº1 =D
RuthSousa
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