Saida

Dizem que ultrapassamos algo quando vivemos em paz com isso, quando já não nos afecta ou tem pouco impacto, quando conseguimos aceitar e quando não tentamos fazer de isso o nosso presente e futuro quando tudo morreu no passado.

Concordo.


Agora está frio, sombrio, vazio...
As paredes agora cinzentas e a janela fechada.
Onde estou, consigo imaginar a divisão. Passei muito tempo nela... No entanto, não consigo ter a certeza se está como penso. Faltam-lhe partes, falto-lhe eu e este meu amor doentio e não sei como reage sem mim...
Tenho que sair, ele pensa que já saí, talvez pelas palavras bruscas ou talvez pelo silêncio, mas a verdade é que ainda aqui estou, tão próxima da porta...
Perto da porta... sinto a brisa vinda da rua desconhecida mas não me movo, olho simplesmente... Mais uma vez não consigo ver tudo, uso de novo a imaginação. Calmo, feliz e sorridente... com uma pontada de dor e interrogação... tenho que sorrir a este pensamento, não o corrijo, deixa-me imaginar o fim como eu quero.
Baixo a cabeça, respiro fundo e digo "Adeus, cuida-te", sorrio e viro-me lentamente para a porta, o sorriso é de nostalgia, pena, felicidade, liberdade, vazio. Nunca tive um sorriso tão simples com tantos significados e tão poucas palavras para o descrever.
Pego na maçaneta e rodo-a, enquanto saio derramo uma lágrima, que apesar de tudo mereces. A porta fecha-se lentamente e consigo ver o interior da divisão a desaparecer, flashes de memórias aparecem, sinto-me feliz por me lembrar só dos momentos felizes.
Ao ver a porta, agora fechada, penso "apesar de tudo, adoro-te e sempre te quis ver feliz, momentos maus todos temos que os ter e ainda bem que muitos dos meus foram contigo. Sem ti, jamais iria conseguir fazer algo, mesmo dizer adeus."

No entanto, não sei o que sentir, mas sei que estou livre, e admito adoro esta sensação, vou aproveitar este momento para mais tarde quando desejar não sentir, me lembrar do vazio que estou a sentir.