Talvez um dia

Um dia, não sei quando, talvez vás sentir a minha falta, talvez queiras adormecer comigo nos teus braços, talvez acordar comigo ao teu lado, talvez me queiras beijar sempre que me vês e nunca me queiras largar. Sim, gosto de pensar que talvez isso possa acontecer...

Talvez esse dia esteja longínquo, talvez não, mas, como será que vou reagir, o que será que vou dizer? Será que vou fazer o que quero fazer? Mas afinal o que quero eu fazer?

Já te quis beijar, ainda te quero beijar, já te quis abraçar, ainda quero sentir o teu corpo perto do meu, já te quis dizer que te quero com todas as minhas forças, ainda te quero... Mas todos esses desejos nunca passaram disso porque me magoaste, deixaste-me sozinha, completamente despedaçada, coração, sonhos, esperanças. Partiste-me de uma forma que não sabia que podia existir.

Sofri, ainda sofro.

Acho que tudo o que quis ainda quero, a única diferença são as cicatrizes que antes não tinha e agora me cobrem o corpo e a alma. Essas cicatrizes fazem-me parar para pensar, essas cicatrizes mostram-me todos os momentos que me fazem acreditar que talvez possas aparecer do nada, agarrar-me, tirar-me o folgo, e no meio da surpresa e da ânsia, vás contra tudo e todos e me digas "amo-te" com sinceridade, mas também me mostram outros, que arrasam completamente com o meu mundo e dizem que nunca serás meu.

Talvez um dia... um de nós assuma o papel principal do filme, ganhe coragem e faça com que possamos viver o nosso romance.

Uma ideia talvez demasiado cor-de-rosa, atrevida ou exagerada, mas sempre fui demasiado sonhadora, acho que está na hora de me apanhares, tens esse dever depois de todas as quedas que me fizeste dar.

Por isso continuo a acreditar que um dia vamos adormecer abraçados, acordar e sorrir por estarmos juntos, vamos caminhar pela rua de mãos dadas, discutir por idiotices, amuar, sentir saudades por cinco minutos de distância, corrermos um para o outro, fazer as pazes, sentir ciúmes sem razão, não compreender o que queremos dizer mas agarrar sempre a mão se um de nós quiser ir embora e acabarmos o dia a segurar a cara um do outro, olharmos nos olhos e ao vermos o nosso reflexo neles, vamos perceber que somos a alma um do outro e por fim, antes de o sol desaparecer no horizonte, vamos dizer "amo-te" e tornar a palavra insignificante, comparada ao que sentimos.

Talvez um dia esse(s) dia(s) se repita(m) para o resto das nossas vidas...